Ao debatermos sobre o “Cangaço”, notamos perfeitamente a origem deste movimento, que diz respeito as lutas feudais dos latifundiários matando e esfolando para concentrarem mais terras em seu próprio domínio.Notamos aqui, o envolvimento da família “Virgulino Ferreira”, envolvida na disputa de terra, desavença familiar por causa de uma cabras e uma cerca. O patricarca da família era um homem decente e respeitador, comum a todas as famílias nordestinas. Viviam da agricultura tradicional, criavam alguns bichinhos, tinham sorte quando acontecia um bom inverno na região. O “Cangaço” já era falado por toda a região, ouviam rumores de suas atrocidades, alguns até temiam defrontar-se com tais facínoras com medo de acontecer sempre o pior. Emergido neste caldo de revoltas locais, a seca que sempre assolava ao sertão nordestino, a figura dos cangaceiros começava cada vez mais ficar mais próximo dos que os temiam.O fato mais comum, era que quase todos que integravam os bandos de facínoras cangaceiros, eram aqueles atingidos diretamente pelo coronelismo que assassinavam os pais de família, dizimavam família tudo somente pelo prazer cruel e sanguinolento de ceifar vidas inocentes. Os bandos começavam a saquear os grandes fazendeiros, matando gado e criações, causando sérios prejuízos para os comerciantes que compactuavam abertamente com o coronelismo. Para enfrentarem a resistência dos “Coronéis”, os facínoras cangaceiros contavam com a ajuda de inúmeros “Coiteiros”, que se beneficiavam indiretamente da prática do cangaço no interior da caatinga nordestina. Os “Coiteiros” eram, fazendeiros que discordavam das atitudes de alguns coronéis e que para não tomarem parte diretamente das atrocidades, patrocinavam na clandestinidade as barbáries dos facínoras cangaceiros.Aguardem, "O Diário de Jararaca", a bomba que faltava explodir em Mossoró, como a "estória da cidade" foi manipulada vergonhosamente pelos "estoriadores"!!!O cangaço conseguiu resistir por inúmeras décadas, graças a ajuda destes “Coiteiros”, mas que algumas vezes discordavam das ações dos facínoras como do Bando de Virgulino Ferreira – O Lampião!!!Virgulino Ferreira, O Lampião, devoto perpétuo de Padre Cícero, entre no cangaço por volta de 1920 para vingar a morte de seu pai uma disputa por terras. A princípio segue o bando de Sinhô Pereira. Mostrando-se hábil nas estratégias de luta, assume a chefia do bando em 1922, quando Sinhô Pereira deixa a vida do cangaço. Lampião e seu bando vivem de assaltos, da cobrança de tributos de fazendeiros e de "pactos" com chefes políticos. Praticam assassinatos por vingança ou por encomenda...Aqui começa, a verdadeira saga de Mossoró...Capítulo IIO famoso bilhete enviado ao prefeito Rodolfo Fernandes, celebre documento histórico, para os que nunca se aprofundaram no assunto, esconde muito mais do que se pensa de uma simples invasão à Mossoró. Era um final de tarde sombrio quase que igual ao do mesmo dia da invasão do bando de Lampião. Jararaca sentia fortes dores por causa do ferimento à bala em seu ombro, ardia em febre, não demorou muito e ouviu a voz de um soldado que dizia:--- Levante-se, prepare-se que irás para Natal!Jararaca lembrara-se da promessa feita por Rodolfo Fernandes, deram-lhe um traje tanto singelo que precisou da ajuda de um guarda para vestir-se. Ainda estava sentado em sua cama na cela, quando o pegaram pelos braços brutalmente e então gritou:--- Não sou bicho, eu sou gente!Foi uma cena cruel de se ver, Jararaca fora arrancado de dentro de sua cela e arrastado como se fosse um saco de batatas; tamanha era a dor que sentia, que chegou a urinar-se nas roupas. Jararaca ainda conseguiu levantar sua vista, quando vislumbrou um automóvel estacionado enfrente da Cadeia Pública de Mossoró.Não demoraram muito e jogaram-lhe no banco traseiro do automóvel, dispararam com destino a rumo ignorado. Rapidamente Jararaca notou que o caminho tomado não era o de Natal, ao passo que o veículo se movimentava, o facínora conseguiu vislumbrar os muros do Cemitério São Sebastião; um forte suor frio, começou a escorrer em sua fronte. Não demorou muito, quando o veículo estacionou defronte ao Cemitério, o facínora foi quase que arranca de dentro do automóvel, sentia dores que o faziam delirar de tanto desespero. No fundo, não tinha medo de morrer, mas sentia por que estava ali, seus passos eram cambaleantes até a sua última parda e morada... Bem no fundo do cemitério, ainda de longe conseguiu vislumbrar uma picareta e uma pá, seu semblante estremeceu quando viu duas pessoas conhecidas.Caiu de joelhos no chão, fechou os olhos rapidamente e começou lentamente em pensamento a retornar para a cidade cearense de Aurora, ao coito patrocinado por Padre Cícero. Eram dias mais do que apreensivos, os homens estavam irrequietos, Lampião e Massilon trocavam olhares mais do que perturbadores. Até aí tudo bem, as coisas no acampamento estavam tudo nos conformes, havia chegado de Juazeiro suprimentos de munição e alimentos, juntamente com o carregamento vinha a cavalo um estranho homem vindo das bandas do Rio Grande, cuja rota seria Pau dos Ferros e depois Apodí, mas a terceira cidade ficara em secreto.O grande fazendeiro Padre Cícero muito venerado no interior do Ceará por causa de seus milagres e trabalhos religiosos, era na verdade o maior bem-feitor dos facínoras que varriam todo o interior do Nordeste. A sua fazenda dava guarida a todos eles, desde alimentação até armas e farta munição. Pouco se comentava a cerca de todos os preparativos que estavam fazendo ali, tudo era mistério para quase todos os facínoras; menos para Lampião e Massilon, que sabiam a risca de tudo o que iria acontecer nos próximos dias. Enquanto isso, no distante país chamado de “Mossoró” para uns poucos afortunados, na casa de um importante político da cidade, as “coisas” andavam muito atribuladas; tudo indicava, que maus presságios estavam avizinhando-se. As autoridades da cidade, segundo alguns espias sequer duvidam do que estava por vir; os que astutamente tramavam contra o alcaide, tinham plena certeza que em breve o maior desafeto político estariam silenciado sem nenhuma pessoa levantar suspeita de quem orquestrara tamanha barbaridade.Capítulo IIISegundo os “conspiradores”, tudo deveria parecer que a invasão ao Rio Grande do norte era por motivo fútil e por causa principalmente de dinheiro... Na realidade, a sórdida invasão a Mossoró, seria na verdade um macabro desfecho do fato nefasto começado por Apodí. Mossoró era na realidade, o cume principal e talvez único que chamaria mais a atenção.Era preciso que um mensageiro fosse até a cidade de Aurora-Ceará, levariam a primeira parte do pagamento adiantado para a realização dos facínoras. Foram escolhidas as figuras de um policial e de um ajudante do próprio gabinete do alcaide. Era preciso agir sem levantar quaisquer suspeita por parte do Prefeito Rodolfo Fernandes e nem muito menos por quaisquer um dos seus acessores e amigos e ou colaboradores. Os “conspiradores” saíram pelas altas horas da madrugada, saíram em direção à cidade de Apodí e de lá adentrariam ao estado vizinho do Ceará. Aquela talvez fosse, a última noite e madrugada que a cidade de Mossoró seria a mesma; depois daquela fatídica madrugada, os rumos históricos não seriam mais os mesmos. Rapidamente alcançaram a cidade de Apodí, mas de lá atravessaram a Chapada e logo estavam no Vale do Jaguaribe; depois, era só questão de tempo alcançarem a cidade de Aurora. Os facínoras no acampamento logo perceberam a movimentação daqueles dois estranhos que se aproximavam, logo Massilon e Lampião apressaram-se por recepcioná-los, já sabendo do que se tratava realmente.Logo, escutou-se a voz de Lampião:--- Como anda, o meu cumpadre de Mossoró???--- Muito bem senhor, e lhe manda belas notícias!!!--- Seja rápido, que o Capitão ainda nem almoçou!!!--- O servicinho já foi determinado, vocês partem daqui a três dias para o Rio Grande, mas devem adentrar primeiramente pela cidade de Pau dos Ferros.--- Vixe, mas num é para nois atacarmos Apodí e Mossoró!!!--- Você não entendem nada de estratégia, Capitão Virgulino, devem seguir a risca todas estas recomendações...--- O Capitão não é burro sinhor!!!--- Não, eu não quis dizer isto, jamais...--- Então retrata-se diante do comandante.--- Perdão Capitão Virgulino, aqui estar o dinheiro e as ordens devem ser seguidas a risca. Na entrada da cidade de Apodí, receberão a segunda parte do pagamento e somente depois de invadirem Mossoró, já no trem, receberão a terceira e última parte do pagamento por todos os serviços prestados.A ordem dada aos facínoras era mais do que categórica, não demorou muito e anoiteceu, os preparativos foram mais do que rápidos, a comitiva rapidamente levantou o acampamento, enquanto que os dois “conspiradores” seguiram vaigem de volta para o País de Mossoró. A caminhada pelo traçado escolhido pelos “conspiradores” de Mossoró era mais do que perfeito, pois, os facínoras demoraram exatos 3 dias para adentrarem o Rio Grande do Norte pela cidade de Pau dos Ferros. A população daquela pacata cidade, foi pega de surpresa, ninguém sequer imaginava que aquela barbaridade fosse acontecer. A correria foi enorme, o comércio sequer teve tempo de fechar, mas os facínoras não abusaram muito daquele lugar, a intenção básica seria cumprida a risca. Estavam assim marcada, o início de uma fracassada jornada pelos sertões potiguares, fato jamais imaginado...Capítulo IVQuando iam saindo de Pau dos Ferros, Jararaca ainda olhou para trás e viu uma enorme cortina de fumaça que se perdia cada vez mais no horizonte... A caminhada ate Apodi seria um tanto demasiada, os homens pensavam que tudo seria fácil, e que nada daria de errado para quaisquer um deles. Enquanto isso, a cidade de Apodi estava meio que em polvorosa, já era quase madrugada quando um mensageiro adentrou a cidade trazendo mensagem diretamente de Pau dos Ferros. Lia-se no bilhete, o seguinte:--- ”Cumpadre Chico Pinto! O Sinhô precisa se acautelar quanto a uma possível invasão ao seu povoado, pois, por aqui as coisas não foram muito bem. Tudo aqui ficou de pernas para o ar. O Sinhô não vai acreditar, o Capitão Virgulino Ferreira, ele mesmo Lampião, em diabrura e pessoa, comandou a um assalto e vandalismo em nossa cidade.O bilhete, ainda continha:--- ... Escutamos perfeitamente, que o intento deles será o de invadir a sua Apodi e logo após a Mossoró”...Aquilo sem duvida nenhuma, ficou a borbulhar em sua frágil mente, Chico Pinto logo viu a eminência deste perigo, e logo escreveu ao Cumpadre Rodolfo Fernandes:--- ”Cumpadre Rodolfo: Vossa Senhoria corre sérios riscos, o mesmo que estou correndo aqui em Apodi. Se o Cumpadre descobrisse o mandante, com certeza ficaria com o maior desgosto. Mesmo assim, irei te dizer, pois ele é”....Nunca Chico Pinto tremera tanto, mesmo assim, arranjou forças suficientes para dobrar o papel e coloca-lo no envelope, quando então comentou com o mensageiro:--- Cabra!!! Você não pode perder tempo algum, entregue em Mossoró este bilhete ao Coronel Rodolfo Fernandes, não deixe ninguém saber o que tu carregas. Vá já e não poupe sequer seu cavalo, chegue o mais rápido possível em Mossoró...O velho alcaide Chico Pinto, teve cuidado de mandar seu mensageiro de confiança sair pelos fundos de sua residência e rumar logo a caminhada pretendida. Aquele ”bilhete” seria sem duvida nenhuma, a maior prova cabal contra os opositores políticos tanto em Mossoró como também em Apodi...Capítulo VSimplesmente o mensageiro em cima do seu cavalo, cortava vertiginosamente a caatinga em direção da cidade de Mossoró, estava selado assim, todo o futuro histórico das duas cidades: Apodi e Mossoró!!! Bem ao longe, os facínoras do bando de Lampião, avistavam ao longe a serra do Vale do Apodi, todos ali sabiam que ali seria o ponto realmente inicial do que viria a ser a maior empreitada criminal da historia de todo sertão nordestino. Num determinado ponto do trajeto, o cumpadre Lampião exclama:--- Cambada, vamos apear aqui!!!O facínora Jararaca observa tudo até com uma certa estranheza, não sabia como Lampião e quase todo o seu bando mantinham uma calma não condizente com as dimensões a serem alcançadas. Mesmo assim, todos os apearam das montarias e começaram a armar o acampamento, desta vez, Jararaca ficou responsável por preparar a comida de todo o bando, o facínora como todo o resto do bando andava mais do que ansioso, algo estava acontecendo de errado. Enquanto todos descansavam da exaustiva caminhada e da refeição reforçada, logo os cachorros começaram a latir intensamente, quando denunciou-se a chegada de três homens a cavalo. Masssilon que era o braço direito do velho Lampião, grita:--- Quem vem chegando???Assim que os três desconhecidos apearam dos cavalos, responderam:--- Viemos de Mossoró, trazemos noticias...--- Vou chamar o cumpadre Lampião...Ate que demorou um pouco para Lampião colocar-se de pé, mas logo ouviu-se:--- Como vai o meu cumpadre...--- Estar esperançoso, para que esta primeira etapa seja um sucesso.--- Não precisa se preocupar, vai sair tudo segundo os conformes!!!--- Como o combinado, o trem ficará esperando todos vocês perto de São Sebastião...--- Espero que não tenha que ir pessoalmente cobrar estes ajustes...--- Isto não ocorrerá!!!Já ia raiar o sol, quando escutou-se o primeiro tiro ao longe, o comércio de Apodi estava começando a funcionar, Chico Pinto estava em seu empório, já temia pelo pior. Não demorou muito, um mensageiro mal acabara de chegar, quando escutou-se o grito:--- Cumpadre Chico Pinto, prepara-se, pois chegou a sua hora de prestar contas com Deus...Falara então Massilon, com voz mais do que altiva, logo ordenando que seu cabras arrastassem o velho alcaide ate o meio da rua. Vendo aquela triste cena, a mulher de Chico Pinto grita:--- Tenham clemência dele, é devoto do Padim Cícero Batista de Juazeiro do Ceará!!!Sem fazer qualquer sinal de atenção aos gritos da mulher, Massilon ordena que os facínoras atirem no casal bem em frente do empório. Foi quando Lampião gritou:--- Parem com esta besteira, o nome e devoto do meu Padim Cícero Batista...--- Mas Coronel, as ordens são...--- Num interessa, eu não quero ser amaldiçoado pelo meu Padim Cícero, vale muito mais do que dinheiro.Capítulo VIEm meio a tudo aquilo, o alvoroço em Apodi não tinha algum precedente, as pessoas corriam para todos os lugares e direções, ali parecia que o mundo ia acabar de uma vez por todas. Todos queriam ir para bem longe dali, ninguém imaginaria o que estava acontecendo de fato, mas não iria sai do jeito que os ”Conspiradores” tinham planejado. Esta seria então, a primeira derrota para o fracasso total dos ”Conspiradores”, neste meio tempo, Rodolfo Fernandes tinham acabado de ler o bilhete, quando o agente do telegrafo chega a sua casa:--- Não temos noticias muito boas vindas das bandas de Apodi... Lampião invadiu a cidade, e estar promovendo a maior reviravolta. Tem gente espalhada, por toda a cidade, não ficou quase ninguém pra contar historia...Neste pequeno instante, Rodolfo Fernandes, tomou conhecimento da gravidade de todos aqueles acontecimentos!!! Mais do que nunca, tinha que guardar a sete chaves aquele bilhete, pois, seria a única prova das tramas de... Se não fosse aquele bilhete, ninguém mesmo acreditaria que um homem publico e de família tão tradicional, estaria envolvido com toda esta trama sórdida e nojenta. A partir daquele momento, sabia que tinha que preparar-se para o pior, mas de maneira alguma deveria deixar transparecer a publico todas as suas decepções e angustias, seria fatal para ele mesmo. Logo chamou um mensageiro?--- Vá a todos os meus Cumpadres, chameo-os para um café aqui em minha casa, e urgente!!!--- Sim Senhor...--- Tem outra coisa... Não deixe ninguém ficar sabendo de nada, não levante nenhuma suspeita do que irá acontecer aqui.Ao mesmo tempo que a ”Conspiração” tramava na surdina, Rodolfo Fernandes teria que tomar cuidado agora com tudo o que iria fazer de agora por diante, seria mais do que decisivo manter total sigilo. No meio da caatinga, os facínoras tramavam como seria todo o desenrolar na cidade de Mossoró, todos queriam dar uma opinião:--- A cidade de Mossoró é bem maior do que as outras que já assaltamos, não tem nem comparação...--- Temos que ser mais do que objetivos, desta vez não pode haver falha alguma, nenhuma mesmo!!!Jararaca sentia que algo de grave iria acontecer muito em breve, pois, sentia em seu peito um forte aperto que não sabia explicar muito direito... As passadas dadas a cavalo eram mais do que angustiantes, era como se ele estivesse caminhando rumo a própria morte. Enquanto que os facínoras trilhavam a caatinga rumo a Mossoró, na própria cidade, o valoroso alcaide Rodolfo Fernandes ultimava os últimos preparativos para a chegada tenebrosa do bando de Lampião. O ... era uma figura publica muito notória e influente na própria Mossoró, publicamente era um amigo de Rodolfo Fernandes, mas por detrás queria vê-lo acabado politicamente, mas infelizmente isto nunca se concretizaria. As famílias mais tradicionais de Mossoró, fugiram da cidade apavoradas com o que poderia vir suceder alguma desgraça ocasionada pelo bando de Lampião, a de... não foi muito diferente, foi a primeira a escapulir vergonhosamente da cidade... Só ficaram em Mossoró, os mossoroenses verdadeiramente heróis e pra contar historia com muito orgulho, e não aqueles que querem se perpetuar através de farsa ou tramóia.Para que os ”Conspiradores” não ficassem sabendo das posições exatas das trincheiras, o bravo alcaide Rodolfo Fernandes escondera de todos as suas verdadeiras intenções. Mas num chá de final de tarde na sua residência próxima a Igreja São Vicente, o velho alcaide comenta com alguns de seus amigos de confiança:--- Não podemos de maneira alguma deixar que esses facínoras maculem as famílias honradas que existem nesta cidade. Se preciso, darei a minha vida para que isto não venha a acontecer...--- Mas já se esqueceu de... O Que fará, depois que tudo tiver acontecido de bom e ou de ruim por aqui. Rezemos à padroeira, para que o intento dele não logre êxito.Escrito por wladimir.morais às 11h42[ (0) Comente ] [ envie esta mensagem ] [ link ]Ao debatermos sobre o “Cangaço”, notamos perfeitamente a origem deste movimento, que diz respeito as lutas feudais dos latifundiários matando e esfolando para concentrarem mais terras em seu próprio domínio.Notamos aqui, o envolvimento da família “Virgulino Ferreira”, envolvida na disputa de terra, desavença familiar por causa de uma cabras e uma cerca. O patricarca da família era um homem decente e respeitador, comum a todas as famílias nordestinas. Viviam da agricultura tradicional, criavam alguns bichinhos, tinham sorte quando acontecia um bom inverno na região. O “Cangaço” já era falado por toda a região, ouviam rumores de suas atrocidades, alguns até temiam defrontar-se com tais facínoras com medo de acontecer sempre o pior. Emergido neste caldo de revoltas locais, a seca que sempre assolava ao sertão nordestino, a figura dos cangaceiros começava cada vez mais ficar mais próximo dos que os temiam.O fato mais comum, era que quase todos que integravam os bandos de facínoras cangaceiros, eram aqueles atingidos diretamente pelo coronelismo que assassinavam os pais de família, dizimavam família tudo somente pelo prazer cruel e sanguinolento de ceifar vidas inocentes. Os bandos começavam a saquear os grandes fazendeiros, matando gado e criações, causando sérios prejuízos para os comerciantes que compactuavam abertamente com o coronelismo. Para enfrentarem a resistência dos “Coronéis”, os facínoras cangaceiros contavam com a ajuda de inúmeros “Coiteiros”, que se beneficiavam indiretamente da prática do cangaço no interior da caatinga nordestina. Os “Coiteiros” eram, fazendeiros que discordavam das atitudes de alguns coronéis e que para não tomarem parte diretamente das atrocidades, patrocinavam na clandestinidade as barbáries dos facínoras cangaceiros.Aguardem, "O Diário de Jararaca", a bomba que faltava explodir em Mossoró, como a "estória da cidade" foi manipulada vergonhosamente pelos "estoriadores"!!!O cangaço conseguiu resistir por inúmeras décadas, graças a ajuda destes “Coiteiros”, mas que algumas vezes discordavam das ações dos facínoras como do Bando de Virgulino Ferreira – O Lampião!!!Virgulino Ferreira, O Lampião, devoto perpétuo de Padre Cícero, entre no cangaço por volta de 1920 para vingar a morte de seu pai uma disputa por terras. A princípio segue o bando de Sinhô Pereira. Mostrando-se hábil nas estratégias de luta, assume a chefia do bando em 1922, quando Sinhô Pereira deixa a vida do cangaço. Lampião e seu bando vivem de assaltos, da cobrança de tributos de fazendeiros e de "pactos" com chefes políticos. Praticam assassinatos por vingança ou por encomenda...Aqui começa, a verdadeira saga de Mossoró...Capítulo IIO famoso bilhete enviado ao prefeito Rodolfo Fernandes, celebre documento histórico, para os que nunca se aprofundaram no assunto, esconde muito mais do que se pensa de uma simples invasão à Mossoró. Era um final de tarde sombrio quase que igual ao do mesmo dia da invasão do bando de Lampião. Jararaca sentia fortes dores por causa do ferimento à bala em seu ombro, ardia em febre, não demorou muito e ouviu a voz de um soldado que dizia:--- Levante-se, prepare-se que irás para Natal!Jararaca lembrara-se da promessa feita por Rodolfo Fernandes, deram-lhe um traje tanto singelo que precisou da ajuda de um guarda para vestir-se. Ainda estava sentado em sua cama na cela, quando o pegaram pelos braços brutalmente e então gritou:--- Não sou bicho, eu sou gente!Foi uma cena cruel de se ver, Jararaca fora arrancado de dentro de sua cela e arrastado como se fosse um saco de batatas; tamanha era a dor que sentia, que chegou a urinar-se nas roupas. Jararaca ainda conseguiu levantar sua vista, quando vislumbrou um automóvel estacionado enfrente da Cadeia Pública de Mossoró.Não demoraram muito e jogaram-lhe no banco traseiro do automóvel, dispararam com destino a rumo ignorado. Rapidamente Jararaca notou que o caminho tomado não era o de Natal, ao passo que o veículo se movimentava, o facínora conseguiu vislumbrar os muros do Cemitério São Sebastião; um forte suor frio, começou a escorrer em sua fronte. Não demorou muito, quando o veículo estacionou defronte ao Cemitério, o facínora foi quase que arranca de dentro do automóvel, sentia dores que o faziam delirar de tanto desespero. No fundo, não tinha medo de morrer, mas sentia por que estava ali, seus passos eram cambaleantes até a sua última parda e morada... Bem no fundo do cemitério, ainda de longe conseguiu vislumbrar uma picareta e uma pá, seu semblante estremeceu quando viu duas pessoas conhecidas.Caiu de joelhos no chão, fechou os olhos rapidamente e começou lentamente em pensamento a retornar para a cidade cearense de Aurora, ao coito patrocinado por Padre Cícero. Eram dias mais do que apreensivos, os homens estavam irrequietos, Lampião e Massilon trocavam olhares mais do que perturbadores. Até aí tudo bem, as coisas no acampamento estavam tudo nos conformes, havia chegado de Juazeiro suprimentos de munição e alimentos, juntamente com o carregamento vinha a cavalo um estranho homem vindo das bandas do Rio Grande, cuja rota seria Pau dos Ferros e depois Apodí, mas a terceira cidade ficara em secreto.O grande fazendeiro Padre Cícero muito venerado no interior do Ceará por causa de seus milagres e trabalhos religiosos, era na verdade o maior bem-feitor dos facínoras que varriam todo o interior do Nordeste. A sua fazenda dava guarida a todos eles, desde alimentação até armas e farta munição. Pouco se comentava a cerca de todos os preparativos que estavam fazendo ali, tudo era mistério para quase todos os facínoras; menos para Lampião e Massilon, que sabiam a risca de tudo o que iria acontecer nos próximos dias. Enquanto isso, no distante país chamado de “Mossoró” para uns poucos afortunados, na casa de um importante político da cidade, as “coisas” andavam muito atribuladas; tudo indicava, que maus presságios estavam avizinhando-se. As autoridades da cidade, segundo alguns espias sequer duvidam do que estava por vir; os que astutamente tramavam contra o alcaide, tinham plena certeza que em breve o maior desafeto político estariam silenciado sem nenhuma pessoa levantar suspeita de quem orquestrara tamanha barbaridade.Capítulo IIISegundo os “conspiradores”, tudo deveria parecer que a invasão ao Rio Grande do norte era por motivo fútil e por causa principalmente de dinheiro... Na realidade, a sórdida invasão a Mossoró, seria na verdade um macabro desfecho do fato nefasto começado por Apodí. Mossoró era na realidade, o cume principal e talvez único que chamaria mais a atenção.Era preciso que um mensageiro fosse até a cidade de Aurora-Ceará, levariam a primeira parte do pagamento adiantado para a realização dos facínoras. Foram escolhidas as figuras de um policial e de um ajudante do próprio gabinete do alcaide. Era preciso agir sem levantar quaisquer suspeita por parte do Prefeito Rodolfo Fernandes e nem muito menos por quaisquer um dos seus acessores e amigos e ou colaboradores. Os “conspiradores” saíram pelas altas horas da madrugada, saíram em direção à cidade de Apodí e de lá adentrariam ao estado vizinho do Ceará. Aquela talvez fosse, a última noite e madrugada que a cidade de Mossoró seria a mesma; depois daquela fatídica madrugada, os rumos históricos não seriam mais os mesmos. Rapidamente alcançaram a cidade de Apodí, mas de lá atravessaram a Chapada e logo estavam no Vale do Jaguaribe; depois, era só questão de tempo alcançarem a cidade de Aurora. Os facínoras no acampamento logo perceberam a movimentação daqueles dois estranhos que se aproximavam, logo Massilon e Lampião apressaram-se por recepcioná-los, já sabendo do que se tratava realmente.Logo, escutou-se a voz de Lampião:--- Como anda, o meu cumpadre de Mossoró???--- Muito bem senhor, e lhe manda belas notícias!!!--- Seja rápido, que o Capitão ainda nem almoçou!!!--- O servicinho já foi determinado, vocês partem daqui a três dias para o Rio Grande, mas devem adentrar primeiramente pela cidade de Pau dos Ferros.--- Vixe, mas num é para nois atacarmos Apodí e Mossoró!!!--- Você não entendem nada de estratégia, Capitão Virgulino, devem seguir a risca todas estas recomendações...--- O Capitão não é burro sinhor!!!--- Não, eu não quis dizer isto, jamais...--- Então retrata-se diante do comandante.--- Perdão Capitão Virgulino, aqui estar o dinheiro e as ordens devem ser seguidas a risca. Na entrada da cidade de Apodí, receberão a segunda parte do pagamento e somente depois de invadirem Mossoró, já no trem, receberão a terceira e última parte do pagamento por todos os serviços prestados.A ordem dada aos facínoras era mais do que categórica, não demorou muito e anoiteceu, os preparativos foram mais do que rápidos, a comitiva rapidamente levantou o acampamento, enquanto que os dois “conspiradores” seguiram vaigem de volta para o País de Mossoró. A caminhada pelo traçado escolhido pelos “conspiradores” de Mossoró era mais do que perfeito, pois, os facínoras demoraram exatos 3 dias para adentrarem o Rio Grande do Norte pela cidade de Pau dos Ferros. A população daquela pacata cidade, foi pega de surpresa, ninguém sequer imaginava que aquela barbaridade fosse acontecer. A correria foi enorme, o comércio sequer teve tempo de fechar, mas os facínoras não abusaram muito daquele lugar, a intenção básica seria cumprida a risca. Estavam assim marcada, o início de uma fracassada jornada pelos sertões potiguares, fato jamais imaginado...Capítulo IVQuando iam saindo de Pau dos Ferros, Jararaca ainda olhou para trás e viu uma enorme cortina de fumaça que se perdia cada vez mais no horizonte... A caminhada ate Apodi seria um tanto demasiada, os homens pensavam que tudo seria fácil, e que nada daria de errado para quaisquer um deles. Enquanto isso, a cidade de Apodi estava meio que em polvorosa, já era quase madrugada quando um mensageiro adentrou a cidade trazendo mensagem diretamente de Pau dos Ferros. Lia-se no bilhete, o seguinte:--- ”Cumpadre Chico Pinto! O Sinhô precisa se acautelar quanto a uma possível invasão ao seu povoado, pois, por aqui as coisas não foram muito bem. Tudo aqui ficou de pernas para o ar. O Sinhô não vai acreditar, o Capitão Virgulino Ferreira, ele mesmo Lampião, em diabrura e pessoa, comandou a um assalto e vandalismo em nossa cidade.O bilhete, ainda continha:--- ... Escutamos perfeitamente, que o intento deles será o de invadir a sua Apodi e logo após a Mossoró”...Aquilo sem duvida nenhuma, ficou a borbulhar em sua frágil mente, Chico Pinto logo viu a eminência deste perigo, e logo escreveu ao Cumpadre Rodolfo Fernandes:--- ”Cumpadre Rodolfo: Vossa Senhoria corre sérios riscos, o mesmo que estou correndo aqui em Apodi. Se o Cumpadre descobrisse o mandante, com certeza ficaria com o maior desgosto. Mesmo assim, irei te dizer, pois ele é”....Nunca Chico Pinto tremera tanto, mesmo assim, arranjou forças suficientes para dobrar o papel e coloca-lo no envelope, quando então comentou com o mensageiro:--- Cabra!!! Você não pode perder tempo algum, entregue em Mossoró este bilhete ao Coronel Rodolfo Fernandes, não deixe ninguém saber o que tu carregas. Vá já e não poupe sequer seu cavalo, chegue o mais rápido possível em Mossoró...O velho alcaide Chico Pinto, teve cuidado de mandar seu mensageiro de confiança sair pelos fundos de sua residência e rumar logo a caminhada pretendida. Aquele ”bilhete” seria sem duvida nenhuma, a maior prova cabal contra os opositores políticos tanto em Mossoró como também em Apodi...Capítulo VSimplesmente o mensageiro em cima do seu cavalo, cortava vertiginosamente a caatinga em direção da cidade de Mossoró, estava selado assim, todo o futuro histórico das duas cidades: Apodi e Mossoró!!! Bem ao longe, os facínoras do bando de Lampião, avistavam ao longe a serra do Vale do Apodi, todos ali sabiam que ali seria o ponto realmente inicial do que viria a ser a maior empreitada criminal da historia de todo sertão nordestino. Num determinado ponto do trajeto, o cumpadre Lampião exclama:--- Cambada, vamos apear aqui!!!O facínora Jararaca observa tudo até com uma certa estranheza, não sabia como Lampião e quase todo o seu bando mantinham uma calma não condizente com as dimensões a serem alcançadas. Mesmo assim, todos os apearam das montarias e começaram a armar o acampamento, desta vez, Jararaca ficou responsável por preparar a comida de todo o bando, o facínora como todo o resto do bando andava mais do que ansioso, algo estava acontecendo de errado. Enquanto todos descansavam da exaustiva caminhada e da refeição reforçada, logo os cachorros começaram a latir intensamente, quando denunciou-se a chegada de três homens a cavalo. Masssilon que era o braço direito do velho Lampião, grita:--- Quem vem chegando???Assim que os três desconhecidos apearam dos cavalos, responderam:--- Viemos de Mossoró, trazemos noticias...--- Vou chamar o cumpadre Lampião...Ate que demorou um pouco para Lampião colocar-se de pé, mas logo ouviu-se:--- Como vai o meu cumpadre...--- Estar esperançoso, para que esta primeira etapa seja um sucesso.--- Não precisa se preocupar, vai sair tudo segundo os conformes!!!--- Como o combinado, o trem ficará esperando todos vocês perto de São Sebastião...--- Espero que não tenha que ir pessoalmente cobrar estes ajustes...--- Isto não ocorrerá!!!Já ia raiar o sol, quando escutou-se o primeiro tiro ao longe, o comércio de Apodi estava começando a funcionar, Chico Pinto estava em seu empório, já temia pelo pior. Não demorou muito, um mensageiro mal acabara de chegar, quando escutou-se o grito:--- Cumpadre Chico Pinto, prepara-se, pois chegou a sua hora de prestar contas com Deus...Falara então Massilon, com voz mais do que altiva, logo ordenando que seu cabras arrastassem o velho alcaide ate o meio da rua. Vendo aquela triste cena, a mulher de Chico Pinto grita:--- Tenham clemência dele, é devoto do Padim Cícero Batista de Juazeiro do Ceará!!!Sem fazer qualquer sinal de atenção aos gritos da mulher, Massilon ordena que os facínoras atirem no casal bem em frente do empório. Foi quando Lampião gritou:--- Parem com esta besteira, o nome e devoto do meu Padim Cícero Batista...--- Mas Coronel, as ordens são...--- Num interessa, eu não quero ser amaldiçoado pelo meu Padim Cícero, vale muito mais do que dinheiro.Capítulo VIEm meio a tudo aquilo, o alvoroço em Apodi não tinha algum precedente, as pessoas corriam para todos os lugares e direções, ali parecia que o mundo ia acabar de uma vez por todas. Todos queriam ir para bem longe dali, ninguém imaginaria o que estava acontecendo de fato, mas não iria sai do jeito que os ”Conspiradores” tinham planejado. Esta seria então, a primeira derrota para o fracasso total dos ”Conspiradores”, neste meio tempo, Rodolfo Fernandes tinham acabado de ler o bilhete, quando o agente do telegrafo chega a sua casa:--- Não temos noticias muito boas vindas das bandas de Apodi... Lampião invadiu a cidade, e estar promovendo a maior reviravolta. Tem gente espalhada, por toda a cidade, não ficou quase ninguém pra contar historia...Neste pequeno instante, Rodolfo Fernandes, tomou conhecimento da gravidade de todos aqueles acontecimentos!!! Mais do que nunca, tinha que guardar a sete chaves aquele bilhete, pois, seria a única prova das tramas de... Se não fosse aquele bilhete, ninguém mesmo acreditaria que um homem publico e de família tão tradicional, estaria envolvido com toda esta trama sórdida e nojenta. A partir daquele momento, sabia que tinha que preparar-se para o pior, mas de maneira alguma deveria deixar transparecer a publico todas as suas decepções e angustias, seria fatal para ele mesmo. Logo chamou um mensageiro?--- Vá a todos os meus Cumpadres, chameo-os para um café aqui em minha casa, e urgente!!!--- Sim Senhor...--- Tem outra coisa... Não deixe ninguém ficar sabendo de nada, não levante nenhuma suspeita do que irá acontecer aqui.Ao mesmo tempo que a ”Conspiração” tramava na surdina, Rodolfo Fernandes teria que tomar cuidado agora com tudo o que iria fazer de agora por diante, seria mais do que decisivo manter total sigilo. No meio da caatinga, os facínoras tramavam como seria todo o desenrolar na cidade de Mossoró, todos queriam dar uma opinião:--- A cidade de Mossoró é bem maior do que as outras que já assaltamos, não tem nem comparação...--- Temos que ser mais do que objetivos, desta vez não pode haver falha alguma, nenhuma mesmo!!!Jararaca sentia que algo de grave iria acontecer muito em breve, pois, sentia em seu peito um forte aperto que não sabia explicar muito direito... As passadas dadas a cavalo eram mais do que angustiantes, era como se ele estivesse caminhando rumo a própria morte. Enquanto que os facínoras trilhavam a caatinga rumo a Mossoró, na própria cidade, o valoroso alcaide Rodolfo Fernandes ultimava os últimos preparativos para a chegada tenebrosa do bando de Lampião. O ... era uma figura publica muito notória e influente na própria Mossoró, publicamente era um amigo de Rodolfo Fernandes, mas por detrás queria vê-lo acabado politicamente, mas infelizmente isto nunca se concretizaria. As famílias mais tradicionais de Mossoró, fugiram da cidade apavoradas com o que poderia vir suceder alguma desgraça ocasionada pelo bando de Lampião, a de... não foi muito diferente, foi a primeira a escapulir vergonhosamente da cidade... Só ficaram em Mossoró, os mossoroenses verdadeiramente heróis e pra contar historia com muito orgulho, e não aqueles que querem se perpetuar através de farsa ou tramóia.Para que os ”Conspiradores” não ficassem sabendo das posições exatas das trincheiras, o bravo alcaide Rodolfo Fernandes escondera de todos as suas verdadeiras intenções. Mas num chá de final de tarde na sua residência próxima a Igreja São Vicente, o velho alcaide comenta com alguns de seus amigos de confiança:--- Não podemos de maneira alguma deixar que esses facínoras maculem as famílias honradas que existem nesta cidade. Se preciso, darei a minha vida para que isto não venha a acontecer...--- Mas já se esqueceu de... O Que fará, depois que tudo tiver acontecido de bom e ou de ruim por aqui. Rezemos à padroeira, para que o intento dele não logre êxito.Capitulo VIIAquelas palavras, rasgavam simplesmente o coração do velho alcaide, ainda não conseguia muito bem compreender como aquela ”Conspiração” tinha sido orquestrada por figura tão sarcástica e traiçoeira.As cartas já estavam postas na mesa do jogo sórdido da vida política mossoroense, quem realmente levaria a melhor e qual a situação política a se perpetuar no poder em toda a região... Rodolfo Fernandes, sem nem mesmo os seus confidentes saberem, mandou um “espia” ficar na entrada da cidade com alguns rojões, para que os mesmos fossem soltos assim que avistasse os cangaceiros. A partir daquele momento, não havia mas volta, tudo estava selado e somente as circunstâncias é que poderiam modificar todo o desenrolar dos acontecimentos. Estrategicamente, o alcaide colocara trincheiras em diversos pontos da cidade, trancado em seu gabinete particular em sua residência, Rodolfo Fernandes através dos seus informantes, já sabia que todas as famílias mais tradicionais da cidade já tinham fugido com medo dos cangaceiros de Lampião... Era muito triste ver, que todos aqueles homens renomados, fugissem como covardes ante o que aconteceria, mas os “conspiradores” mais uma vez não lograriam êxito algum.Enquanto ultimava os últimos preparativos, um mensageiro bate à porta do gabinete:--- Coronel Rodolfo, trago notícias...Rapidamente Rodolfo abriu a porta e escutou do seu mensageiro particular:--- Estão todos atônitos Coronel, mesmo o Doutor estando à frente de tudo, muitos temem pelas inúmeras dos que ficaram aqui na cidade...--- Não se preocupe, se preciso darei a minha própria vida, não sou um covarde mas um mossoroense de verdade!!!Foi extamente neste justo momento, quase que num final de tarde, quando caia um fina neblina, que escutou-se os disparos dos rojões no Alto da Conceição, o “espia” avistava perto de Genésio, parte do grupo de Lampião que invadiria a cidade. O “espia” escondera-se na torre da Igreja da matriz do Alto da Conceição, por algumas brecha, via claramente que o Coronel Virgulino Ferreira não estava à frente do pequeno bando, mas sim Massilon. Rapidamente Rodolfo Fernandes pegou a sua arma, uma velha espingarda, mandou que todos os seus familiares, mulheres e crianças, ficassem dentro de casa. O tempo fechado de nuvens carregadas, logo traria a escuridão da noite, era mais do que preciso dar um breve desfecho a tudo aquilo, rapidamente o bando de facínoras chegava na encruzilhada das ruas Felipe Camarão com Alberto Maranhão, vinha ao longo de todo o percurso, ziguezagueando, como forma de tentar confundir os mossoroenses. O confronto era eminente e inevitável, a fina neblina que caía era a única coisa que quebra aquele tenebroso silêncio, não se sabe ao certo como tudo começou, mas ao som do primeiro disparo, logo uma chuva de balas cobriu os arredores da capela de São Vicente, ninguém se atrevia a arredar o pé dali, corajosamente inúmeros bravos mossoroenses travaram uma batalha contra o desconhecido e o afamado bando de cangaceiros que já tinham triunfado deliberadamente em todas as cidades por onde passaram ao longo do sertão nordestino. Mesmo assim, o medo neste exato momento, foi trocado pela bravura empunhada por Rodolfo Fernandes, da sua trincheira comandava todos os “resistentes” à tentativa de assalto dos facínoras cangaceiros de Lampião.Capitulo VIIIEm algum lugar de Mossoró, os “conspiradores” sentados à uma mesa, tomavam largos goles de conhaque, enquanto escutavam compassadamente os tiros do combate, muitos murmuravam e não sabiam como tudo aquilo iria terminar, o que... faria, se tudo acabasse como ocorrera anteriormente em Apodí... Durante toda a noite, o que se ouvia a distância e ou até mesmo a quilômetros, eram os disparos das armas da “resistência”, tudo o que se mexia no escuro era alvejado sem a menor exitação, todos estavam com o maior temor os consumindo, por vários dias esta seria a mesma sensação.Ao amanhecer, o que se via a perder de vista, era a incalculável quantidade de animais mortos, entre jumentos; cabras; porcos; cachorros; gatos; tudo o que se mexeu durante toda a noite, foi alvejado sem a menor dó. Na casa de..., logo que amanheceu, todos notaram que não havia ninguém, o medo havia consumidos a todos de pavor, ou mesmo medo... Ficaram apenas dois empregados, diria jagunços, que logo informavam a quem perguntavam:--- O Dr. ..., foi para a cidade de Areia Branca com toda a família, não sabemos muito bem quando eles voltarão!!!As trincheiras ficaram armadas por longos dias, deveria ser mantida imagem de que a cidade ainda mantinha forte Resistência, o que se via vergonhosamente, e que muitos elementos de famílias tradicionais de Mossoró, retornaram rapidamente para Mossoró, aproveitando o espanto ainda geral de toda a população, vestiram as roupas de combatentes e foram posar para fotos como verdadeiros combatentes. O ... foi o primeiro que retornou de Areia Branca, tinha que rapidamente armar uma nova investida, só que desta vez seria para acobertar tudo o que tinha sido feito da “Conspiração” até naquele dado momento.Foi muito sútil e sagaz, mandou bilhetes para todos os seus correligionários, muitos deles faziam parte da própria administração de Rodolfo Fernandes, ou seja, eram traidores contra o próprio alcaide... A funesta associação de alguns políticos malogrados de Mossoró, começava agora a arquitetar uma operação para encobertar tudo o que foi feito contra Rodolfo Fernandes, justamente para não comprometer... Logo que se reuniram na “sala magna” do Museu Municipal, então, Cadeia Pública Municipal, RJ... e seus fanáticos colaboradores, tramavam como seriam as estratégias para acobertar “Conspiração”; nenhum esforço seria poupado, tudo deveria ser mantido no mais absoluto sigilo, para que todos os que estavam ali não fossem expostos ao ridículo e presos consecutivamente. Ao que sabiam, como havia sido arquitetado na cidade de Aurora no vizinho estado do Ceará, com o aval de Padre Cícero Romão Batista, um trem ficaria esperando pelos facínoras em São Sebastião, como ocorrera extamente.Primeiro, ficou determinado na breve reunião:--- Todos os que forem pego, deverão ser justiçados imediatamente, pois, nada pode ser revelado, Rodolfo Fernandes não poderia suspetiar de nada mesmo...A esta altura, os facínoras já aportavam o vizinho estado da Paraíba, mais precisamente na cidade de Sousa, de lá os facínoras retornariam mais uma vez para a cidade de Aurora, para se refazerem de toda a investida... Já havia se passado quase três dias da invasão do Bando de Lampião, Rodolfo Fernandes andava muito pesaroso com tudo o que havia acontecido até aquele exato instante, seria a vez do Velho Alcaide arquitetar, se era possível, desvendar toda a Conspiração de ... e seus acoloiados políticos, sabia muito bem que tudo foi perfeitamente bem armado. Sem comunicar a ninguém para não levantar nenhuma suspeita, o velho Alcaide Rodolfo Fernandes, decidiu então que visitaria o prisioneiro Jararaca na Cadeia Pública Municipal. Prontamente, mandou aprontar o seu carro e logo encaminhou-se para o seu destino que prometia muitos mistérios! Aliás, uma verdadeira e bem armada rede de interesses, permeiou senão a própria prisão do facínora Jararaca, que não tinha como ser pego...Capitulo IXJararaca, era depois de Macilon, o homem mais importante do Bando de Lampião, escutara perfeitamente da boca do mesmo:--- Não confio muito em cidade grande, prefiro mandar apenas uma pequena parte do bando, para caso algo acontecer como em Apodí...Assim falou Lampião e acrescentou;--- Macilon, você liderará o bando na invasão à Mossoró, não deixa nada fugir do controle, se preciso faça o que melhor lhe convier!!!Depois disso, Macilon foi quem escolheu os homens que iriam com ele na ousada empreitada, Mossoró ficaria marcada para sempre em todas as suas vidas. Os principais que iriam com Macilon, eram Jararaca; Menino de Ouro; Colxete; Mormaço; o bando ficara arranchado na comunidade do Saco, divisa com São Sebastião, a tropa inteira ficara na retaguarda, com a missão de ultimar os preparativos para a fuga de trem para o vizinho estado da Paraíba. Quando iam ultrapassando a matriz do Alto da Conceição, Mormaço logo ficou desconfiado, avistou no alto da torre um vulto, mas não soube dizer ao certo o que era. Para Macilon, não era prudente caminhar em linha reta até a residência de Rodolfo Fernandes, decidiram então a contornar algumas ruas e confundir os que por ventura estivessem lhes esperando astutamente; mas já pressentiam que não seria fácil a missão a que estavam predestinados. Se observarmos muito bem, o estado Potiguar não estava na rota do cangaço, mas como então explicar o repentino interesse do Bando de Lampião, chegando tão perto do litoral(Mossoró).Praticamente a pequena parte do Bando de Lampião, estava prestes a entrar para a história de Mossoró, quando retornaram novamente para a avenida principal da cidade, a fina neblina que caía aumentou repentinamente e lentamente o tempo começou a fechar. Era como se as cortinas de um teatro se fechassem após o ato final, quando então escutou-se o primeiro tiro, foi neste exato momento, que Macilon gritou:--- Homens ali estar a casa do Coronel Rodolfo, falta muito pouco para arrancarmos o nosso dinheiro!!!O tiroteio começara, mas prontamente os facínoras reagiram, mesmo com a fina neblina que caía, os estampidos das garruchas e espingardas, denunciavam algo que parecia bárbaro. Agora não havia mais como voltar a atrás, mas os bravos mossoroenses mostravam que não se renderiam tão facilmente, mas da sua trincheira Rodolfo Fernandes comandava como um verdadeiro estadista... Mas a ânsia de querer conquistar sem prever o que poderia realmente acontecer, só parou quando escutou-se o primeiro grito de dor do cangaceiro. Quando Macilon no meio de todo aquele inferno, o líder dos facínoras viu claramente que Menino de Ouro foi atingido mortalmente, momentos depois foi a vez de Colxete ser atingio no nariz, mais adiante, caiu fulminado com um tiro Jararaca.Capitulo XJararaca, com o balaço do tiro no ombro, ainda conseguiu ficar agarrado às correias do arreio do seu cavalo, enquanto o animal girava com ele dependurado, o facínora conseguiu ver perfeitamente a cena da desgraça do Bando de Lampião, o tiroteio era mais do que intenso.Com todas as suas forças, Jararaca gritou:--- Macilon estou ferido, me ajude...O facínora sequer respondeu ao clamor do comparsa de bando, viu-se então Jararaca que iria perecer ali mesmo, quando o cavalo rodopiou ainda conseguiu ver Menino de Ouro tombar sem vida, parecia que todo o bando seria dizimado bem ali. Com todo aquele tiroteio, Macilon quase não conseguia arquitetar uma retirada honrosa para seus cabras, sabia que Lampião não gostaria do que estava acontecendo ali... Miraculosmante Macilon ao menor sinal juntamente com seus homens, partiram em fuga, não havia a menor possibilidade de enfrentar os mossoroenses.A única atitude que restou para Jararaca, foi fugir também, pela rua lateral da Igreja São Vicente, já estava quase escuro de tudo, sentia dores horríveis e sangrava muito, seguia apenas os seus próprios instintos, não sabia sequer para onde estava indo. A noite seria muito longa, já tinha cavalgado por um longo tempo, quando finalmente resolveu descer do cavalo, justamente por não suportar mais as dores multiplicadas ainda mais pelos galopes do cavalo. Sentia um pouco de umidade, mesmo com o céu um pouco escuro, deu para notar que estava perto de uma lagoa, bem próximo existia algumas taperas habitadas, pois, existia luz no interior. Pouco a pouco foi se aproximando de uma das taperas, escutava perfeitamente que conversavam alto no interior, notou que comentavam sobre a invasão à Mossoró, foi quando reunindo as suas últimas forças adentrou o barraco derrubando a frágil porta.Todos ficaram ali abismados, foi quando o facínora Jararaca exclamou:--- Não temam, não farei mal a nenhum de vocês, é só me obedecerem que nada sairá errado!!!Mal tinha acabado de pronunciar estas palavras, o facínora escorou-se numa parede e arriou no chão, tremia tanto e ardia em febre, todos ficaram perplexos, sabiam muito bem que se tratava de um cangaceiro, mas o que fariam.Correu rapidamente a notícia, diga-se de passagem espalhada pelos “Conspiradores”, que quem achasse um cangaceiro, ganharia alguns contos de réis se entregassem secretamente a eles... A sorte de Jararaca estava lançada, já ia raiando os primeiros raios de sol de um novo amanhecer, enquanto avistavam a perder de vista inúmeros animais mortos abatidos na escuridão da noite pelos “Resistentes”, Jararaca recobrava a consciência, não poderia facilitar muito. Para sanar a hemorragia, Jararaca misturou um pouco de urina com barro, esfregando em seu ferimento no ombro, pediu um pouco de água, todos não conseguiram sequer dormir, o facínora viu que precisaria de algum medicamento para combater a febre e uma possível infecção que se instalaria, pediu a um dos moradores para que fossem comprar algum medicamento. Preparam um pouco de café e tripa com farinha, Jararaca precisava comer alguma coisa, enquanto o medicamento não chegasse tinha que forrar a barriga com comida... Já tinha se passados algumas horas, o facínora Jararaca já começara a se preocupar com a demora do medicamento, mas entendia que o temor na cidade ainda era grande e por isso tanta demora... Já tinha se alimentado com alguma coisa, mas a febre já tinha se instalado e galopava para o quadro piorar ainda mais. Escutou alguns passos, logo alegrou-se pensando que fosse o medicamento, mas qual foi a sua surpresa, que mesmo estado sentado na porta da tapera, foi arrancado e arrastado para o terreiro. Neste momento, o facínora Jararaca vislumbrou a fisionomia do mesmo “Contato” de ... na cidade de Aurora no vizinho estado do Ceará. Mesmo já estando quase em estado de alucinação, escutou perfeitamente estas palavras:--- Tu pensas que ficarás vivo por muito, engana-se... Rodolfo Fernandes não terá o pleno prazer de enviá-lo para Natal.--- Ele descubrirá que foi ... o mandante de tudo isto!!!Capitulo XIDepois de escutar estas palavras, o facínora Jararaca foi levado rumo à Cadeia Pública Municipal, quando neste mesmo momento os próprios “Conspiradores”, mandaram um emissário para dar notícias da prisão do meliante tão perigoso.Adentrou a residência de Rodolfo Fernandes, que encontrava-se ansioso andando de um lado para o outro da sala, quando escutou:--- Coronel Rodolfo...--- Sim.--- O facínora Jararaca foi preso na Lagoa do Mato, perto do Alto da Nossa Senhora da Conceição!!!--- Mande chamar o Delegado...--- Não precisa, o facínora neste exato momento já deve estar na Cadeia Municipal!!!Foi neste exato momento, que Rodolfo percebeu que aquele emissário sabia muito para um simples empregado, notava claramente que aquilo tinha o dedo podre de ... O remorso só aumentou ainda mais dentro de Rodolfo Fernandes, pois, um homem público como ..., envolvido em meio a tramóias, tinha plena convicção de que teria que agir silenciosamente para não levantar nenhum suspeita sequer.Logo a notícia correu toda a cidade, muitos afloraram para o prédio da Cadeia Pública Municipal, queria ver o rosto do mais temido de todos os cangaceiros do nordeste, queria ver o seu rosto. Rodolfo Fernandes, pegou o seu carro e lomoveu-se para lá, precisava urgentemente falar com Jararaca, antes que os “Conspiradores” conseguiu arquitetar algo contra ele, e assim perderia senão todas as provas cabais contra seu opositor político.Jararaca encontrava-se sentado numa cadeira, um soldado havia feito uma limpeza no ferimento e dado comida ao prisioneiro, quando escutou o anúncio:--- Visita para o preso...Pessoalmente, Jararaca tinha a maior curiosidade em conhecer o homem responsável pela Resistência ao Bando de Mossoró, neste momento escutou:--- Não precisa se levantar... Conversarei com você aqui mesmo, por favor me deixem a sós com ele!!!Aqueles dois homens fitaram-se nos olhos, por um tempo, pairou o maior silêncio, escutava-se apenas as batidas dos seus próprios corações.--- Temo muito pela sua vida, mas não se preocupe se depender de mim, nada acontecerá de ruim com você...Foi quando Jararaca lembrou-se do recado dado pelo contato de ..., tremia só de pensar, mas sentia que em Rodolfo Fernandes ele poderia confiar. Já estava quase chegando ao final de tarde, escureceria rapidamente, quando antes de sair, Rodolfo Fernandes fala:--- Amanhã pela manhã, iremos à Natal para colhermos o seu depoimento na frente das autoridades!!!O semblante de Jararaca não era dos melhores, sabia que algo estava sendo tramado, Jararaca sentia fortes dores por causa do ferimento à bala em seu ombro, ardiam em febre, não demorou muito e ouviu a voz de um soldado que dizia:--- Levante-se, prepare-se que irás para Natal!Jararaca lembrara-se da promessa feita por Rodolfo Fernandes, deram-lhe um traje tanto singelo que precisou da ajuda de um guarda para vestir-se. Ainda estava sentado em sua cama na cela, quando o pegaram pelos braços brutalmente e então gritou:--- Não sou bicho, eu sou gente!Foi uma cena cruel de se ver, Jararaca fora arrancado de dentro de sua cela e arrastado como se fosse um saco de batatas; tamanha era a dor que sentia, que chegou a urinar-se nas roupas. Jararaca ainda conseguiu levantar sua vista, quando vislumbrou um automóvel estacionado enfrente da Cadeia Pública de Mossoró. Não demoraram muito e jogaram-lhe no banco traseiro do automóvel, dispararam com destino a rumo ignorado. Rapidamente Jararaca notou que o caminho tomado não era o de Natal, ao passo que o veículo se movimentava, o facínoras conseguiu vislumbrar os muros do Cemitério São Sebastião; um forte suor frio, começou a escorrer em sua fronte.Não demorou muito, quando o veículo estacionou defronte ao Cemitério, o facínora foi quase que arranca de dentro do automóvel, sentia dores que o faziam delirar de tanto desespero. No fundo, não tinha medo de morrer, mas sentia por que estava ali, seus passos eram cambaleantes até a sua última parda e morada... Bem no fundo do cemitério, ainda de longe conseguiu vislumbrar uma picareta e uma pá, seu semblante estremeceu quando viu duas pessoas conhecidas.Reconheceu prontamente o contato do “Conspiradores” na cidade de Aurora no Ceará, mas tinha um homem muito mais pomposo, deveria ser ...Escutou em alto e bom som;--- Pegue a pá, cavarás a sua última cama...Neste momento, Jararaca lembrou-se de todos os atos da sua vida, sentia remorso apenas de algumas babaridades cometidas ao longo de toda a sua jornada, as dores oriundas do ferimento do seu ombro, chegaram a limites insuportáveis, as últimas escavacadas, caiam lágrimas.Quando terminou, sentiu a fina neblina cair-lhe em seu corpo ardente de febre, escutou:--- Chegou a sua hora cabra!!!Quando pronunciaram estas palavras, empurraram o facínora para dentro da cova, foi aí que notaram que a cova ficara pequena demais para ele, quando então a golpes de pás e picaretas, quebraram-lhe as duas pernas.Jararaca urrava de tanta dor, enquanto se debatia de tanta dor, os “Conspiradores” começaram a enterrá-lo vivo, acabava ali, a prova mais do que contundente da Conspiração de ... contra Rodolfo Fernandes.Capitulo XIIA “Conspiração” ao que parecia, havia silenciado de uma vez por todas a chance de Rodolfo Fernandes desmascarar seu opositor político. As coisas tomariam um rumo um tanto sombrio, o alcaide receberia muito em breve uma notícia que abalaria de uma vez por todas a sua própria vida.O Prefeito Rodolfo Fernandes estava em sua casa tomando sua refeição vespertina, tinha à mesa um bom doce de goiaba com queijo de qualho, já tinha tirado a sua generosa fatia de queijo e estava na primeira porção à boca, quando um mensageiro entra na sala de jantar e anuncia quase que desfalecendo:--- Dr. Rodolfo, o senhor não vai acredita no que aconteceu...Naquele exato momento, Rodolfo Fernandes pressentiu o que seria na realidade aquela triste notícia, mas mesmo assim, largou a sobremesa depois do jantar e disse:--- Vamos seu sujeitinho, o que de tão grave aconteceu!--- Levaram Jararaca da Prisão...--- Como assim, resgataram ele?--- Não Senhor, mataram-no no Cemitério São Sebastião!!!A confirmação daquela notícia foi senão um balde de água fria em suas pretensões, neste momento o alcaide olha para as suas malas já estavam prontas para a viagem que faria na manhã seguinte rumo à capital, Natal...Por um momento, o sangue subiu-lhe mortalmente à fronte, mas teve que se controlar, só então exclamou para os que estavam em sua residência com ele;--- A partir de hoje, morre um homem nesta casa...--- Doutor, o que iremos fazer?--- Simplesmente nada... Esses miseráveis conseguiram silenciar a nossa única prova contundente, do que me adianta ainda prosseguir à frente deste cargo, se terei que conviver diariamente com este canalha como se fosse compadre dele!!!Não demorou mais alguns instantes, companheiros do alcaide fluíam para a sua residência, ao que parecia a noite seria longa e tenebrosa, agora nada mais fazia sentido em sua vida, teria que manter a postura de homem público, sem deixar vasar nada do que ele sabia sobre o seu opositor político.A notícia da morte do facínora Jararaca rapidamente correu toda a cidade, depois que amanheceu, muitas procuravam saber dos detalhes da sua morte, nessas primeiras horas da manhã, o alcaide passou ordens estritas para que as portas e janelas da frente de sua residência não fossem abertas e que nem muito menos deixasse entrar quem quer que fosse, salvo algum confidente muito íntimo.Assim, praticamente se encerrava a trajetória política daquele que foi o único herói(político) da história da cidade de Mossoró... Fonte cafehistoria.ning.com
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