Sou uma pessoa totalmente
contra o abuso de autoridade como também sou contra a falta da autoridade.
Procuro viver sempre
paralelamente com os bons modos, me sinto bem ao respeitar as pessoas de forma
geral, vivo do meu trabalho que por sinal é suado até demais.
Vivo de forma diferente de
muitos, pelo fato de manter disponível para mim somente o que já me pertence de
fato e de direito.
Fazendo uma avaliação
chego a pensar que metade da produção do meu trabalho suado eu repasso para o
governo, porque faço parte da sociedade. Só que eu não sei em que patamar da
sociedade eu me encaixo, pois não estou me encontrando com meus direitos.
Mas afinal quais seriam os
motivos que me fizeram escrever este texto?
Paciência, vou contar bem
direitinho o que me fez amanhecer com este pensamento ante-social. No início da
noite de ontem, por volta das 20h, depois de um dia inteiro de trabalho suado,
tomei um banho, como de costume, peguei o carro e sai em direção a minha casa.
No meu trajeto, observei
que nas margens da BR 304 tinha uma grande quantidade de espuma branca
acumulada que ainda não sei o significado daquilo tudo, como sou curioso parei
o carro para ver de perto o que seria aquilo.
De repente uma luz vermelha
invadiu o interior do meu veículo, percebi que um carro parou bem próximo do
meu e uma voz de muita autoridade perguntou o que eu estava fazendo. Eu disse que
estava observando a espuma. De repente um homem fortemente armado saiu da porta
traseira, enquanto isso o veículo passou para frente do meu e outro carro
encostou na parte traseira, também com luzes vermelhas.
Era a polícia rodoviária
federal. O policial que estava com um fuzil disse desta forma: “dirija seu
carro até ali a viatura” (5 metros do local onde eu estava parado). O mesmo
policial mandou que eu me retirasse de dentro do meu carro e ficasse afastado.
Com uma lanterna na mão o policial
olhou o interior do carro e em seguida começou uma revista completa. Abriu a
porta, olhou dentro do porta luvas, abriu uma gaveta debaixo do banco, levantou
tapetes, abriu capo, mala, virou os bancos, olhou a numeração do chassi. Tudo
isso comigo afastado.
Em um momento eu tentei me aproximar para ver melhor o
que o policial estava fazendo, o mesmo parou o serviço, ficou de pé olhando pra
mim e me disse: “fique lá afastado onde eu mandei você ficar.”
A essa altura eu
já estava um pouco encabulado com o que acontecia e perguntei ao outro policial
que me vigiava se eu estava em atitude suspeita. O mesmo disse que era pelo
fato de eu estar de “bobeira” e que esse seria o procedimento deles.
Enquanto um fazia a
revista, outro policial me interrogava sobre de onde eu vinha, pra onde ia,
porque eu estava só, onde eu trabalhava, onde eu morava, qual minha profissão. E
para ter certeza que eu não estava mentindo, quando falei que morava perto dali
ele me perguntou se eu sabia o nome dos estabelecimentos em minha volta e qual
eram as ocupações de cada um.
Como não foi encontrado
nada no meu veículo que me incriminasse, eles simplesmente disseram que eu
estava liberado e que já poderia ir embora.
Sai do local pensativo, me
sentindo um nada. Talvez por sentir a falta de um pedido de desculpa, ou mesmo
a falta de uma explicação que me convencesse que seria mesmo necessário aquele
tipo de tratamento.
O fato de eu ter saído do
local inconformado, não quer dizer que os polícias agiram de forma errada,
afinal eu sou um dos que pagam para que eles prestem esse tipo de serviço. O
nosso sistema sim, está errado.
Penso desta forma por
acreditar que de 50 pessoas que são abordadas desta maneira talvez apenas um desses
seja um bandido que realmente mereça ser tratado assim.
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