
A cor branca da longa barba de seu Lázaro despertou em mim curiosidade. Como quem não queria nada me sentei bem próximo dele e falei: “hoje tá é frio, hein?”
Com a barba umedecida do leite que bebia, ele olhou pra mim. Seus olhos azuis brilhavam entre suas rugas e cabelos brancos de sua barba, percebi que ele não estava a fim de dialogar, mas mesmo assim eu existi:
- Me desculpar eu te perguntar, mas o senhor não é desta região? Estou certo?
- Sou não - disse ele
- Eu sou de minas.
- Ah sim, minas! Ouço muito falar. O que faz amigo, tão longe de casa?
Ele me olhou e me disse assim:
- Eu sou professor, ando ensinando os homens que pensam como animais.
- Como assim?
- Olhe eu tenho um conhecimento adquirido no maior acervo: o mundo. Tenho várias formaturas. Os formados em escolas pensam como os animais eu sou um animal que pensa como um ser humano, as escolas só nos tiram de nosso habitat original e nos deixam pensando como animais irracionais.
Isso me deixou com a cabeça pegando fogo, não esperava ouvir tanta verdade. Já com muita intimidade, lhe fiz mais perguntas:
- Onde está sua família? Cadê sua mãe, seu pai?
- Minha mãe e meu pai já faleceram. Minha mãe era descendente de italiano meu pai era indígena.
- O senhor tem esposa? Filhos?
- Eu tenho cinco filhos todos de mães diferentes, a esposa com quem eu vivi por mais tempo foi Luciana lá do Amazonas, vivi com ela dois anos, ela é a mãe de Lucas, um dos meus filhos.
Já com vergonha de tanto perguntar, me arisque e disse:
- Como é seu nome?
- Me chamam de professor Lázaro - disse ele.
- Pois bem seu Lázaro, muito obrigado por essa grande aula de vida! Posso fazer uma foto sua?
- Claro pode sim.
- Obrigado senhor Lázaro.
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