Do jornal O Estado
de São Paulo
Em dez anos, a
violência homicida no Brasil migrou do Sudeste para o Norte e o Nordeste.
Enquanto os índices de São Paulo e Rio chegaram a cair 80%, capitais
nordestinas bateram recordes de assassinatos.
Entre os 5,6 mil
municípios do país, 15 ultrapassaram a marca de cem mortes por 100 mil
habitantes, revela o Mapa da Violência 2013 – Homicídios e Juventude no Brasil,
com base no DataSUS.
Em 2011, dez
cidades do Nordeste e três do Norte atingiram a marca de mais de cem homicídios
por 100 mil habitantes – acima de 10 a taxa é considerada epidêmica. Em 2010,
apenas Simões Filho, na Bahia, registrara esse índice.
A migração foi
detectada por estudo preparado pelo sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz. A
atração causada por novos polos econômicos e a abertura de novas fronteiras
econômicas, somadas à falta de estrutura das regiões para lidar com a violência,
permitiu a escalada das mortes onde antes se conhecia relativa tranquilidade.
RN de
sangue
O Mapa da
Violência mostra que, na Bahia, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes
cresceu 223,6%. Na Paraíba, 202,3%. No Rio Grande do Norte, 190,2%.
Como em toda a
violência no país, essa mudança também atinge principalmente os jovens. Em
Alagoas, morrem 156, 4 jovens a cada 100 mil habitantes, quase oito vezes o
número de São Paulo.
A epidemia de
assassinatos que atinge o Nordeste pode ser traduzida pelos números das
capitais. Em 1999, Salvador era a área metropolitana mais tranquila do país.
Em 12 anos, pulou
para a 3.ª colocação –a taxa de homicídios passou de 7,9 por 100 mil para 69
por 100 mil. Maceió, a primeira do ranking hoje, com 111 assassinatos por 100
mil, era apenas a 14ª há 12 anos.
Das oito cidades
que compunham a lista das capitais mais violentas, apenas Vitória e Recife
ainda continuam entre as primeiras. A capital do Espírito Santo caiu do
primeiro para o quinto lugar e Recife, da segunda para quarta posição. São
Paulo, que era o terceiro lugar em 1999, hoje é a capital menos violenta do
país.
A análise feita
por Jacobo mostra que o eixo da violência acompanha seis tipos de alterações no
perfil socioeconômico do país. A principal são os novos polos de
desenvolvimento, que cresceram não apenas nas capitais do Norte e do Nordeste,
mas no interior dos Estados.
Entre 2003 e 2011,
a violência aumentou 23,6%, enquanto nas capitais, caiu 20,9%, com a
concentração maior nas cidades do Sul e Sudeste.
“A emergência
desses novos polos de crescimento, atraindo investimentos e gerando
empregabilidade e renda, tornam-se também atrativos para a criminalidade
por serem áreas onde os mecanismos da segurança são ainda precários ou
incipientes, sem experiência histórica e aparelhamento para o enfrentamento das
novas configurações da violência”, diz o estudo.
Limites
As fronteiras são
outro foco de violência. Uma das duas únicas cidades fora do Nordeste que
alcançaram a média de mais de cem homicídios por 100 mil habitantes é Guaíra,
no Paraná, na fronteira com o Paraguai e divisa com Mato Grosso.
Jacobo elenca o
turismo predatório e as causas tradicionais como os fomentadores da violência,
como a presença das organizações criminosas, do tráfico e das milícias. As
informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.
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